terça-feira, 11 de outubro de 2011

LIVRO DA SEMANA



ESTEIROS

de

Soeiro Pereira Gomes


Esteiros. Minúsculos canais, como dedos de mão espalmada, abertos na margem do Tejo. Dedos das mãos avaras dos telhais, que roubam nateiro às águas e vigores à malta. Mãos de lama que só o rio afaga.


Esteiros é a história contada da realidade de muitos que sobreviveram e pereceram aos Esteiros do rio e à constante agressão de uma sociedade sem dó e com uma autoridade senhorial.


(...) A manhã é ainda um pressentimento, mas já no quartel o despertador anunciara o dia. Os valadores deixaram a tarimba, que não acalenta fadigas; tactearam as pás, ao canto; e, depois de enganarem as bocas com naco de pão mais duro que a tarimba, meteram-se ao esteiro.
- Vamos a isto antes que a maré suba.

As pernas resvalaram no lodo até aos joelhos, e a humidade arrepiou-as.(...)

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