terça-feira, 11 de outubro de 2011

LIVRO DA SEMANA



ESTEIROS

de

Soeiro Pereira Gomes


Esteiros. Minúsculos canais, como dedos de mão espalmada, abertos na margem do Tejo. Dedos das mãos avaras dos telhais, que roubam nateiro às águas e vigores à malta. Mãos de lama que só o rio afaga.


Esteiros é a história contada da realidade de muitos que sobreviveram e pereceram aos Esteiros do rio e à constante agressão de uma sociedade sem dó e com uma autoridade senhorial.


(...) A manhã é ainda um pressentimento, mas já no quartel o despertador anunciara o dia. Os valadores deixaram a tarimba, que não acalenta fadigas; tactearam as pás, ao canto; e, depois de enganarem as bocas com naco de pão mais duro que a tarimba, meteram-se ao esteiro.
- Vamos a isto antes que a maré suba.

As pernas resvalaram no lodo até aos joelhos, e a humidade arrepiou-as.(...)

domingo, 9 de outubro de 2011

NOBEL DA LITERATURA

TOMAS TRANSTRÖMER


O poeta sueco Tomas Tranströmer foi agraciado na passada quinta-feira com o Nobel da Literatura.
Nascido em 1931, Tranströmer também é tradutor. Estudou História da Literatura, Poética, História da Religião e Psicologia na Universidade de Estocolmo, adquirindo o título de bacharel em Artes.
Estreou-se como lírico em 1954 com a obra “ 17 poemas", que teve um enorme sucesso, seguindo-se "Segredos a caminho", quatro anos mais tarde.


A Academia Sueca afirmou que o poeta de 80 anos foi lembrado "porque, através de suas imagens condensadas, translúcidas, ele nos dá um novo acesso à realidade".


Tomas Tranströmer escreve sobre a morte, a história, a memória e é conhecido pelas suas metáforas.





LISBOA


No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas
Subidas.


Havia duas prisões. Uma delas era para os gatunos.


Eles acenavam através das grades. Eles gritavam. Eles queriam ser fotografados!




"Mas aqui", dizia o revisor e ria baixinho como um afectado


"aqui sentam-se os políticos". Eu vi a fachada, a fachada, a fachada


e em cima, a uma janela, um homem,


com um binóculo à frente dos olhos, espreitando


para além do mar.




A roupa pendia no azul. Os muros estavam quentes.


As moscas liam cartas microscópicas.


Seis anos depois, peguntei a uma dama de Lisboa:


Isto é real, ou fui eu que sonhei ?


(Tradução por Luís Costa)


CLUBE DE LEITURA - Arcádia Arucitana

Neste novo ano letivo, a biblioteca escolar pretende dar continuidade à atividade de promoção da leitura desenvolvida através do seu clube: Arcádia Arucitana.


-Se gostas de ler e gostarias de fazer parte deste clube, não percas tempo, inscreve-te!

-CLUBE DE LEITURA-

O QUE É?
Um clube de leitura é o espaço e o tempo em que diferentes leitores se reúnem para trocar ‘cromos’ de leitura.

QUE ESPAÇO?
A biblioteca escolar.

QUE TEMPO?
Quartas- feiras, das 14.30-15.30h

QUEM?
Todos aqueles que gostem de ler e enriquecer a sua experiência de leitura pela partilha de opiniões.

QUE OBRAS?
Aquelas que a RBE/ PNL sugerem e/ou outras que suscitem a tua curiosidade e espicacem a imaginação.

COMO PODES PARTILHAR A TUA OPINIÃO?
Sendo membro do clube.


Para isso, PREENCHE a Ficha de Inscrição na Biblioteca Escolar.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

LIVRO DA SEMANA

Recados da mãe, de Maria Teresa Maia Gonzalez



" (...)-Pode ser que a mãe tenha pedido a esse pássaro para ir ter contigo à tua sala, para te fazer companhia...

A ideia era boa de mais, mas tão apetecível que não resisti a perguntar:

- Achas que a mãe, agora, pode falar com os pássaros, Clara?...

- Porque é que não há-de poder? Ela não está no céu? os pássaros não andam por lá também? Então?!

Os olhos encheram-se-me de lágrimas da mais pura alegria (...)"



Da cumplicidade entre duas irmãs e da sua capacidade para enfrentar a mais difícil situação das suas vidas se faz este livro escrito com a mestria e a sensibilidade de Maria Teresa Maia Gonzalez

sábado, 1 de outubro de 2011

AUTOR DO MÊS




Manuel José de Arriaga Brum da Silveira nasceu na cidade da Horta em 8 de julho de 1840.

Foi durante o período em que estudava na Universidade de Coimbra para se "formar em leis", no contato com outros estudantes e professores e na leitura de outras formas de pensamento, que aderiu ao ideário republicano. Em 1876 fez parte do grupo que estudou o plano de reforma da instrução secundária. Foi membro do Diretório do Partido Republicano depois de 31 de Dezembro de 1891.

Em 1882 foi deputado da minoria republicana. A par da sua atividade profissional, Arriaga foi fazendo o seu percurso político sem ódios nem exageros, o que, desde logo, lhe granjeou simpatia por parte dos seus correligionários e do povo. Era um orador admirado. Fez comícios ainda durante a monarquia, pugnando por uma sociedade mais justa, com menos privilégios e mais acesso ao ensino. Mais tarde, o Governo Provisório nomeou-o Procurador-Geral da República.
Em agosto de 1911, já com 71 anos, Manuel de Arriaga é eleito Presidente da República.

O mandato de Manuel de Arriaga desenrola-se num período agitado. Os governos sucedem-se por escassos meses. Oito mudanças na presidência do Governo, desordens nas ruas, reacções violentas contra a Igreja e movimentos de monárquicos. Por fim, Manuel de Arriaga convida o Dr. António José de Almeida para chefiar o governo, mas perante a recusa deste, opta então por Afonso Costa que até 1917, foi o político mais influente da vida portuguesa. Afonso Costa consegue reduzir o défice, mas a instabilidade e a luta entre os Partidos é constante, agora agravada com a tensão internacional de 1914, que iria desembocar na Primeira Grande Guerra. No início desta, há forte pressão sobre as colónias portuguesas de África sendo a jovem república portuguesa confrontada com demasiados problemas. Tentando evitar o pior, Manuel de Arriaga escreve aos três líderes dos partidos (Camacho, Afonso Costa e António José de Almeida) para se entenderem, para que se consiga formar um "ministério extrapartidário", mas Afonso Costa reagiu mal. O Presidente da República aconselha então a demissão do Governo presidido por Vítor Hugo de Azevedo e, para acalmar o exército, toma uma atitude, de que mais tarde se vai arrepender, ao chamar ao governo o general Pimenta de Castro, que já fora Ministro da Guerra no tempo do governo chefiado por João Chagas. Arriaga conhecia-o e confiava nele. Joaquim Pereira Pimenta de Castro escolhe para os ministérios sete militares, não permite a reabertura do Parlamento, amnistia os monárquicos condenados, altera a lei eleitoral e vai governar como ditador.
Os parlamentares, reunidos secretamente a 4 de maio, no Palácio da Mitra, declaram Arriaga e Pimenta de Castro fora da lei e os seus atos nulos. A 14 de maio de 1915 há uma revolta contra Pimenta de Castro, desencadeada pelo Partido Democrático, que conta com o apoio da Marinha e começa uma autêntica guerra civil. Perante isto, o bondoso e pacifista Manuel de Arriaga só pode tomar uma atitude: abandonar o cargo, o que faz a 26 de maio. Escreve uma carta aos seus ministros e outra ao Congresso, saindo da presidência sem honra nem glória, passando rapidamente a ser considerado um "criminoso político”.
Em 1916 publicou, um livro intitulado Na Primeira Presidência da República Portuguesa, um verdadeiro testamento da sua acção política.
Morreu em Lisboa a 5 de março de 1917, dois anos depois de ter abandonado a Presidência da República.




DIA DO DIPLOMA

-Decorreu ontem, dia 30 de setembro, na nossa escola, a cerimónia de entrega dos diplomas aos alunos de mérito (aos que continuam connosco o seu percurso e àqueles que terminaram o 12º ano).
A todos os contemplados, os nossos parabéns e que o futuro vos continue a sorrir!



Sara Semião - Melhor aluna 12º Ano




As atividades de animação (pequeno sketch e momento musical) estiveram a cargo do núcleo Amigos da Biblioteca, a quem agradecemos pela disponibilidade e empenho demonstrados.