POEMAS DA SEMANA


11 de março de 2013

Como poema da semana, sugerimos a leitura e reflexão de Pus o meu sonho num navio, de Cecília Meireles, uma vez que estamos a celebrar a Semana da Leitura, cuja temática é o Mar.



Pus o meu sonho num navio

Pus o meu sonho num navio 

e o navio em cima do mar;
depois abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.



Minhas mãos ainda estão molhadas

do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,

para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito:

praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.


Cecília Meireles





04 de março de 2013

Como poema da semana deixamo-vos este texto da autoria de Fernando Echevarría.


                           Qualquer Coisa de Paz
Qualquer coisa de paz. Talvez somente 
a maneira de a luz a concentrar 
no volume, que a deixa, inteira, assente
na gravidade interior de estar.

Qualquer coisa de paz. Ou, simplesmente,
uma ausência de si, quase lunar, 
que iluminasse o peso. E a corrente
de estar por dentro do peso a gravitar.

Ou planalto de vento. Milenária
semeadura de meditação
expondo à intempérie a sua área

de esquecimento. Aonde a solidão,
a pesar sobre si, quase que arruína
a luz da fronte onde a atenção domina.

Fernando Echevarría, in Figuras





25 de fevereiro de 2013

Continuamos a brindar o amor, com este lindo poema de Eugénio de Andrade:




É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.


É urgente destruir certas palavras,,


ódio, solidão e crueldade,


alguns lamentos,

muitas espadas.



É urgente inventar alegria,


multiplicar os beijos, as searas,


é urgente descobrir rosas e rios

e manhãs claras.



Cai o silêncio nos ombros e a luz


impura, até doer.



É urgente o amor, é urgente 
permanecer.

                                                         Eugénio de Andrade in "Até Amanhã"




18 de fevereiro de 2013

Nesta semana, deixamo-vos esta POESIA de Miguel Torga!






Quase um Poema de Amor






Há muito tempo já que não escrevo um poema
De Amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.

Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga
paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
— Há muito tempo já que não escrevo um poema

De amor.
Miguel Torga, in 'Diário V'



11 de fevereiro de 2013

Aqui fica o poema desta semana cujo autor é Fernando Pessoa.



MARIA: Amo como o amor ama.

                MARIA:
Amo como o amor ama.
Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?
Não procures no meu coração...
Quando te falo, dói-me que respondas
Ao que te digo e não ao meu amor.
Quando há amor a gente não conversa:
Ama-se, e fala-se para se sentir.
Posso ouvir-te dizer-me que tu me amas,
Sem que mo digas, se eu sentir que me amas.
Mas tu dizes palavras com sentido,
E esqueces-te de mim; mesmo que fales
Só de mim, não te lembras que eu te amo.
Ah, não perguntes nada, antes me fala
De tal maneira, que, se eu fora surda,
Te ouvisse toda com o coração.
(...)

Fernando Pessoa, in "Obra Poética", (Primeiro Fausto)

Nota: Para conhecer o poema na íntegra clique no seguinte link: http://arquivopessoa.net/textos/949

4 de fevereiro de 2013

Neste mês em que o AMOR é rei, aqui fica um lindo poema de um grande mestre da literatura portuguesa, Luís Vaz de Camões.


 AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo
 AMOR?


 Luís de Camões 









28 de janeiro de 2013   


Para terminarmos o mês com sucesso, deixamo-vos uma linda poesia de Ricardo Reis, um dos heterónimos de Fernando Pessoa.


Segue o teu destino

Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade

 
 
 
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
 
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente

 
 
 
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
 
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
 
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
 
               Ricardo Reis




21 de janeiro de 2013

Aqui fica mais um texto que nos ensina a alcançar o Sucesso.



"A firmeza do propósito 
é um dos mais necessários 
elementos do carácter e 
um dos melhores instrumentos 
do sucesso. 
Sem ele, o génio desperdiça 
os seus esforços 
num labirinto 
de inconsistências." 
Philip Chesterfield  




14 de janeiro de 2013

Esta semana deixamo-vos outro texto que apela à luta, à felicidade, ao sucesso.
Convém ler e refletir!



"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que 
a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que 
posso evitar que ela vá à falência.Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.É saber falar de si mesmo.É ter coragem para ouvir um 'não'.É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta."

Augusto Cury

in, Dez leis para ser feliz,  Editora Sextante.



7 de janeiro de 2013

Como o SUCESSO vai estar presente ao longo de todo o mês de janeiro, deixamo-vos este lindo texto.


"A DIFERENÇA ENTRE UM
HOMEM DE SUCESSO

E OUTRO ORIENTADO PELO FRACASSO 

É QUE UM ESTÁ APRENDENDO A ERRAR, 

ENQUANTO QUE O OUTRO

ESTÁ PROCURANDO
APRENDER
COM OS SEUS PRÓPRIOS ERROS"
      Confúcio




10 de dezembro de 2012

POEMA DE NATAL 


Era uma vez, lá na Judeia, um rei.

Feio bicho, de resto:

Uma cara de burro sem cabresto

E duas grandes tranças.

A gente olhava, reparava e via

Que naquela figura não havia

Olhos de quem gosta de crianças.





E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.

Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.



                                             Miguel Torga






3 de dezembro de 2012

Nesta primeira semana de dezembro, cuja temática é a SOLIDARIEDADE, deixamo-vos este lindo poema.


Mãos dadas  

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Carlos Drummond de Andrade





26 de novembro de 2012Nesta última semana de novembro, cá vos deixamos mais um poema, um soneto do grande poeta Luís de Camões, sobre a  ESPERANÇA.






Não Pode Tirar-me as Esperanças

Busque Amor novas artes, novo engenho
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Pois não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde;
Vem não sei como; e dói não sei porquê.
Luís Vaz de Camões, in "Sonetos








19 de novembro de 2012



Nesta semana de novembro, aqui vos deixamos dois poemas, desta feita, um deles em língua inglesa.


A ESPERANÇA

A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a Crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da Morte a me bradar; descansa!

                                                                                                                                                                                     Augusto dos Anjos












12 de novembro de 2012




Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu fi-lo perfeitamente,
Para diante de tudo foi bom
bom de verdade
bem feito de sonho
podia segui-lo como realidade


Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu sei-o de cor.
Até reparo que tenho só esperança
nada mais do que esperança
pura esperança
esperança verdadeira
que engana
e promete
e só promete.
Esperança:
pobre mãe louca
que quer pôr o filho morto de pé?

Esperança
único que eu tenho
não me deixes sem nada
promete
engana
engano que seja
engana
não me deixes sozinho
esperança.


         Almada Negreiros





5 de novembro de 2012



ESPERANÇA

Tantas formas revestes, e nenhuma
Me satisfaz!
Vens às vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor é um grito
Desesperado
Que apenas ouve o eco...
Peco
Por absurdo humano:
Quero não sei que cálice profano
Cheio de um vinho herético e sagrado.

                                                                                             Miguel Torga 



29 de outubro de 2012

Ao terminarmos o mês de outubro, dedicado à AMIZADE, aqui vos deixamos mais um poema do grande Albert Einstein.


Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre
.
                                 
                                                                                                  Albert Einstein

 
22 de outubro de 2012

Esta semana escolhemos este lindo poema da grande poetisa Florbela Espanca.


Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

                                    Florbela Espanca




15 de outubro de 2012

Aqui fica este lindo poema de Pablo Neruda.


Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.
Sorriste - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...
... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...

                 Pablo Neruda, in "Crepusculário"
                Tradução de Rui Lage



8 de outubro de 2012




Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo
              
                                                                 Fernando Pessoa



1 de outubro de 2012

Aos amigos


Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.



Herberto Hélder





A Amizade


Posso não ser um crente
De uma religião
Só me dou com boa gente
Que está no meu coração

Palavras que te dei
Tocaram-te na alma
Palavras que são como o fogo
Que deitam uma imensa chama
Palavras que disse
E que o teu nome clamam

Amizade não é uma palavra
Mas sim um sentimento
Uma emoção
Um momento
Gravado no coração
Escrito com paixão

A Amizade é soberana
Pois ela supera tudo
Com cooperação
Com união
A amizade é como a vida
Como um livro escrito
Uma história lida
É um caminho a percorrer
Pois a Amizade surpreende
Amigos até morrer!


André Fialho, 12ºF




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