Os jovens e a leitura
Cientes da importância do livro na formação dos jovens, voltamos a promover, no presente ano letivo, o Concurso Nacional de Leitura. Eis o testemunho de alguns dos participantes (que também integram o Clube de Leitura) sobre a relevância da leitura nas suas vidas.
A equipa da biblioteca escolar
Alcinda Janeiro
Lucília Picareta
Margarida Sinfrónio
Quando estou a ler viajo
Nas ondas, nas nuvens, no mar…
Aprendo, recordo e revejo
Tudo o que no mundo devo amar.
História, romance e ficção
Tudo me ajuda a crescer!
Fico ansiosa mas com o coração
Sempre pronto a vencer.
Convido-o a ler, porque: "Quem não gosta de ler, não sabe o que está a perder"!
Inês Cardoso, 8º ano/A
Para mim, a leitura transporta-me a lugares fantásticos, pois os livros são janelas abertas para outros mundos. Dão-nos a hipótese de conhecer “pessoas” (personagens) com as quais, de certo modo, nos podemos identificar, “vivendo” as suas epopeias.
A minha experiência com os livros tem sido muito frutífera, graças a eles ganhei cultura geral, bem como interesse por outras áreas, pois existem livros sobre os mais diversos assuntos. Na
Segunda Guerra Mundial, o cerco nazi à cidade russa de Estalinegrado (atual São Petersburgo), por quase um ano, privou os seus habitantes de meios alimentares vindo de fora. Nessa ocasião, as autoridades soviéticas recomendaram o hábito da leitura por entre a população, como forma de fazer "esquecer" a fome que passavam.
Manuel Barroso, 8º ano/C O que acontece quando lemos? Partimos para outro mundo, outra vida, outra dimensão. Imaginamos que estamos do lado do herói, ou, quem sabe, do vilão. E somos omnipotentes. Misturamos a nossa realidade com o que é oferecido pelo livro e vivemos experiências únicas.
O mundo da leitura traz-nos inúmeras sensações, expande o nosso conhecimento, ilumina a nossa mente, aclara os nossos raciocínios. Os livros dão-nos experiência, eficácia, imaginação.
Ao virarmos uma capa, o que vemos nós? Milhares de sentimentos, ideias, uma nova história nasce e centenas de novas vidas surgem...
Tudo isto está ao nosso alcance quando pegamos num livro e o começamos a ler. Uns são divertidos e fazem-nos rir, outros trazem lágrimas sem fim. Outros deixam-nos intrigados ao ponto de ficarmos agarrados à história até à última palavra.
Independentemente do livro que se lê, este enriquece a nossa vida. Enche-nos de conhecimentos inacreditáveis, faz-nos sentir emoções inéditas e alimenta a nossa imaginação. Os livros abrem novos horizontes…
Acima de tudo, cada livro é um passaporte que nos permite viajar no tempo e no espaço ao sabor das letras.
João Francisco Oliveira, 10º ano
SAUDADE LITERÁRIA!
As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir (…)
Este lindo excerto da canção “A Chuva”, comummente interpretada por Mariza, para mim, reflete o que é uma leitura.
Um livro não deve ser para nós uma coisa vulgar, pelo contrário, devemos permitir que este nos penetre a alma, deixando uma saudade dos episódios que nos magoaram ou, até mesmo, nos provocaram uma alegria tamanha que não se consegue explicar. Quantas vezes nos envolvemos na história do livro e deixamos que esta marque a história da gente, ou porque nos identificamos com aquela personagem ou porque já vivemos um episódio semelhante àquele? E quantas vezes lemos um livro e chegamos ao fim e nem nos lembramos do nome da personagem principal?
Queria falar-vos da predisposição para a leitura. Se um semeador lançar a semente em má terra, como é de prever, esta não dará fruto. Não obstante, se lançar a semente em boa terra, provavelmente, dará fruto. O mesmo acontece quando vamos ler um livro: se estivermos predispostos para tal, com certeza, experimentaremos os sentimentos de que vos falei na primeira questão – deixar-nos-emos envolver pela sua narrativa –, por outro lado, se não estivermos predispostos para a leitura, presumivelmente, no final, nem nos lembraremos em que consistia a história.
Gostaria, para terminar, de citar Fernando Pessoa que, neste poema, nos demonstra o que muitas vezes sentimos quando pensamos:
Tenho um livro para ler
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
(…)
Livros são papéis pintados com tinta.
(…)”
Ponhamos a preguiça de lado e… “mãos à obra”!
Francisco Molho, 11º ano/C
EU LEITOR, EU CRIMINOSO
A preguiça leva-nos, muitas vezes, a adiar o gesto de pegar num objeto que muitos dizem ser transcendental: o livro. Alexander Sokurov, cineasta russo, deixou escapar as palavras que devem constar da atual Lei das XII Tábuas: “não deixes que a literatura nos abandone”. Tento fazê-lo, soltando-me dos tentáculos televisivos da preguiça, na esperança de não cometer um crime.
Mas, eu não vejo a leitura apenas como um dever, algo deôntico…Leio um livro por gosto, não só por procedimento ético; aprisiono as suas palavras na minha mente por interesse, não só por respeito. Contudo, com o intuito de não fazer a literatura desertar-nos, abnego um dos motivos por causa do qual leio: não cometer um crime…
Sim, cometo crimes: roubo factos e vivências àqueles que com tanto empenho os registaram. Sim, cometo crimes: faço assaltos à mão armada no dicionário quando não sei o que as palavras significam. Sim, cometo crimes: mato a história quando o relato sofre uma brutalidade e lhe é diagnosticado um final inesperado. Sim, cometo crimes: condeno injustamente o autor pela história que se manteve com tão pouco plot e, assim, talvez não leia mais nenhum livro seu.
Sim, cometo crimes. Agora que me denunciei, que me julguem, que me prendam, mas… Acho que esse é um modus operandi de qualquer leitor. Experimentem ser criminosos literários!
Vítor Valério, 11º ano/C