A vida no céu – José Eduardo Agualusa
Crítica literária
Sara
Falcato, 11ºano/turma C
Ao
ler a premissa do romance do autor angolano sobre o destino da Terra, confesso
que perdi a vontade de ler o livro. Isto, porque quando se sabe um mínimo
possível de ciência, tudo o que nos é dito, (no romance) é impossível.
Contudo, estamos perante uma obra literária, algo ficcional,
que não tem nada que corresponda à verdade. A personagem Aimée diz à nossa personagem principal (Carlos) o seguinte:
“Primeiro tens de te esquecer. O bom nadador é aquele que se esquece”, e é isso
que temos que fazer para dar uma chance ao livro, o leitor tem que se esquecer,
tirar da sua cabeça tudo o que se sabe sobre o espaço em que se vive e apenas
ser parte do livro. O leitor tem que se transformar numa personagem fantasma e
seguir com o seu olhar o que os últimos sobreviventes da Terra fazem para
continuar a sobreviver.
Esta tarefa é difícil e complicada, mas o esforço tem que
ser feito. O autor dá-nos duas visões da sociedade: a primeira, é o facto de
que o ser humano ama a vida e adapta-se a todos os meios, a fim de sobreviver;
a segunda enfatiza a desigualdade das classes sociais, pois, mesmo com o
dilúvio que consumiu o nosso planeta, os ricos ainda são soberanos e controlam
dois milhões de pessoas, os nossos sobreviventes.
Este livro não nos dá a sensação de perda de tempo, contudo
temos que lhe dar tempo. Ou temos que nos dar a nós tempo para o absorver como
nos diz o dicionário de Nefelibatas, as nuvens, água em estado onírico, são o
alfabeto do céu. Talvez seja esta a “Estrada das Luzes” para o completo
entendimento do romance.
Com isto, não quero dizer que gostei da história que se vai
desenrolando, mas sim que devemos olhar este livro por outra perspetiva, como
um universo paralelo ao nosso.