quinta-feira, 7 de maio de 2015

TESTEMUNHOS DE LEITURA

A vida no céuJosé Eduardo Agualusa

Crítica literária
Sara Falcato, 11ºano/turma C

        
Ao ler a premissa do romance do autor angolano sobre o destino da Terra, confesso que perdi a vontade de ler o livro. Isto, porque quando se sabe um mínimo possível de ciência, tudo o que nos é dito, (no romance) é impossível.
         Contudo, estamos perante uma obra literária, algo ficcional, que não tem nada que corresponda à verdade. A personagem Aimée diz à nossa personagem principal (Carlos) o seguinte: “Primeiro tens de te esquecer. O bom nadador é aquele que se esquece”, e é isso que temos que fazer para dar uma chance ao livro, o leitor tem que se esquecer, tirar da sua cabeça tudo o que se sabe sobre o espaço em que se vive e apenas ser parte do livro. O leitor tem que se transformar numa personagem fantasma e seguir com o seu olhar o que os últimos sobreviventes da Terra fazem para continuar a sobreviver.
         Esta tarefa é difícil e complicada, mas o esforço tem que ser feito. O autor dá-nos duas visões da sociedade: a primeira, é o facto de que o ser humano ama a vida e adapta-se a todos os meios, a fim de sobreviver; a segunda enfatiza a desigualdade das classes sociais, pois, mesmo com o dilúvio que consumiu o nosso planeta, os ricos ainda são soberanos e controlam dois milhões de pessoas, os nossos sobreviventes.
         Este livro não nos dá a sensação de perda de tempo, contudo temos que lhe dar tempo. Ou temos que nos dar a nós tempo para o absorver como nos diz o dicionário de Nefelibatas, as nuvens, água em estado onírico, são o alfabeto do céu. Talvez seja esta a “Estrada das Luzes” para o completo entendimento do romance.
         Com isto, não quero dizer que gostei da história que se vai desenrolando, mas sim que devemos olhar este livro por outra perspetiva, como um universo paralelo ao nosso.



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