No passado dia 27 de abril, a convite da Técnica Teresa Pica, esteve presente na nossa escola o autor do livro ”o ciganinho chico” e coordenador do programa ROMED, Bruno Gonçalves. A turma do 5º F e as três turmas do Programa Integrado e Educação e Formação receberam o autor que partilhou com os jovens a sua história de vida. Tem 4 irmãos, nasceu em Coimbra e reside na Figueira da Foz com a sua esposa. Apresentou detalhadamente o seu percurso escolar. Estudou até ao 7º ano de escolaridade, era bom aluno, sobretudo a história e inglês.
Abandonou a escola para ser mais um ganha-pão para a casa dos pais. Foi trabalhar na venda ambulante. Os professores ficaram muito tristes, pois sempre foram os maiores incentivadores para que Bruno desse continuidade aos estudos.
Em 1997/98 começou a frequentar um curso de formação profissional de eletricidade e baixa tensão e referiu que foi nessa altura que os horizontes dos estudos se abriram e surgiu a criação da Associação Cigana de Coimbra. Posteriormente, começou a trabalhar como mediador escolar e enquanto trabalhava frequentou a via de ensino das novas oportunidades e conseguiu a certificação do 9º ano de escolaridade.
Em 2004, casou, abandonou a mediação, o ativismo e o dirigismo. Ausentou-se 3 anos enquanto voltou a vender nas feiras, já com a sua esposa. Mas não se sentia completo, dentro de si estava um vazio porque queria mais e a mediação, o ativismo e os estudos eram uma paixão para si. Referiu que o seu pai sempre ambicionou que o filho tivesse estudos, pois era analfabeto, mas a maior força e vontade para estudar era intrínseca. Os seus mentores foram Sérgio Aires e Mirna Montenegro e a sua esposa que nunca o deixaram desistir.
Em 2010, a trabalhar já como mediador municipal em Coimbra consegue obter o 12ºano de escolaridade e foi nesta altura que surge a edição do livro: “A história do ciganinho chico”.
Em 2013, é mediador do programa ROMED do Conselho da Europa e dois anos mais tarde criou a ideia/projeto PRÉ CHAVALÉ (ciganos no ensino superior). Nesta altura, o Bruno ingressou na Universidade de Coimbra e licenciou-se em Animação socioeducativa.
À medida que Bruno ia descrevendo o seu percurso de vida, reforçava aos jovens ouvintes que os estudos não descaracterizam ninguém, não devem ser vistos como uma perda de tempo, mas sim como um orgulho de pertença. Disse ainda, que o facto de ter estudos o ajuda na mobilidade social, tem mais conhecimentos para trabalhar mais e melhor em prol da inclusão do seu povo.
Terminou a sua apresentação a pedir aos jovens para não desistirem dos seus sonhos, pois um cigano(a) com estudos contribuirá para evitar que o povo cigano, no futuro, continue a ser escravo da pobreza e da miséria.