quarta-feira, 3 de novembro de 2010

AUTOR DO MÊS



Jorge Mario Vargas Llosa nasceu no seio de uma família de classe média em 28 de Março de 1936, em Arequipa, no Peru. Os seus pais separaram-se após cinco meses de casamento e só conheceu o pai aos dez anos de idade. Passou a sua primeira infância em Cochabamba, Bolívia, mas no período do governo de José Luis Bustamante y Rivero, o seu avô obtém um importante cargo político no governo, em Piura, no norte do Peru, e a sua mãe volta ao Peru, para viver naquela cidade.
Em 1946 muda-se para Lima e conhece, então, o pai. Os pais reconciliam-se e, durante a sua adolescência, a família continuará vivendo ali.
Quando completa 14 anos, ingressa, por vontade paterna, no Colégio Militar como aluno interno, onde permaneceu dois anos. Essa experiência será o tema do seu primeiro livro - A Cidade e os cães (La ciudad y los perros). Em 1953 é admitido na tradicional Universidad Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, a mais antiga da América. Ali estudou Letras e Direito, contra a vontade de seu pai.
Aos 19 anos, casa-se com Julia Urquidi, irmã da mulher de seu tio materno, e passa a ter vários empregos para sobreviver: Trabalha como redactor mas também catalogando livros e até mesmo procedendo à revisão de nomes nos túmulos dos cemitérios. Em 1958 recebe uma bolsa de estudos- "Javier Prado"- e vai para Espanha, onde obtém o doutoramento em Filosofia e Letras, na Universidade Complutense de Madrid. Vai depois para a França, onde vive durante alguns anos. Em 1964 divorcia-se de Júlia e em 1965 casa-se com a prima Patrícia Llosa, com quem tem três filhos Álvaro, Gonzalo e Morgana.
A sua obra critica a hierarquia de castas sociais e raciais, vigente ainda hoje, segundo o escritor, no Peru e na América Latina, sendo o seu principal tema a luta pela liberdade individual na realidade opressiva do Peru. A princípio, assim como vários outros intelectuais de sua geração, Vargas Llosa sofreu a influência do existencialismo de Jean Paul Sartre.
Muitas das suas obras são autobiográficas, como A cidade e os cães (1963), A Casa Verde (1966), que mostra a influência de William Faulkner, e conta a vida das personagens num bordel, cujo nome dá título ao livro e a Tia Júlia e o Escrevedor (1977). Por A cidade e os cães recebeu o Prémio Biblioteca Breve da Editora Seix Barral e o Prémio da Crítica de 1963. O seu terceiro romance, Conversa na Catedral publicado em quatro volumes e que o próprio Vargas Llosa caracterizou como obra completa, narra fases da sociedade peruana sob a ditadura de Odria em 1950. Há um encontro na Catedral entre dois personagens: o filho de um ministro e um motorista particular. O romance caracteriza-se por uma sofisticada técnica narrativa, alternando a conversa dos dois e cenas do passado. Em 1981 publica A Guerra do Fim do Mundo, sobre a Guerra de Canudos, que dedica ao escritor brasileiro Euclides da Cunha, autor de Os Sertões.
Ao longo de sua carreira, Mario Vargas Llosa recebeu inúmeros prémios e condecorações: o Prémio Rómulo Gallegos (1967); o Prémio Cervantes (1994), o Prémio Nacional de Novela do Peru em 1967, pelo romance A Casa Verde, o Prémio Príncipe das Astúrias de Letras Espanha (1986) e o Prémio da Paz de Autores da Alemanha, concedido na Feira do Livro de Frankfurt (1997). Em 1993 foi-lhe concedido o Prémio Planeta pelo seu romance Lituma nos Andes; o Prémio Biblioteca Breve, por Batismo de Fogo, em 1963, que marca o início de sua brilhante carreira literária internacional. É membro da Academia Peruana de Línguas desde 1977, e da Real Academia Española (RAE) desde 1994. Tem vários doutoramentos honoris causa por universidades da Europa, América e Ásia; como os concedidos pelas universidades de Yale (1994), Universidade de Israel (1998), Harvard (1999), Universidade de Lima (2001), Oxford (2003), Universidade Europeia de Madrid (2005) e Sorbonne (2005). Foi condecorado pelo governo francês com Medalha de honra em 1985. A 7 de Outubro de 2010 foi agraciado com o Prémio Nobel da Literatura pela Academia Sueca de Ciências "pela sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual". O presidente do Peru, Alan García, considerou o prémio a Llosa como "um reconhecimento a um peruano universal".

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mario_Vargas_Llosa

Livros editados em português
A guerra do fim do mundo
História de Mayta
A cidade e os cães
Quem matou Palomino Molero?
Elogio da madrasta
O falador
A tia Júlia e o escrevedor
Pantaleão e as visitadoras
Conversa na catedral
Como peixe na água: memórias
Lituma nos Andes
Cadernos de Dom Rigoberto
Cartas a um jovem romancista
A festa do chibo
A casa verde
O paraíso na outra esquina
Travessuras da menina má
Israel Palestina: paz ou Guerra Santa

sábado, 9 de outubro de 2010

VANTAGENS da LEITURA








VANTAGENS da LEITURA
de António Torrado e Cristina Malaquias





- Mãos no ar - gritou o caçador para a lebre.
- Qual quê! Toca mas é a correr...
- Pára ou eu disparo - voltou a avisar o caçador.
Pois sim! Pernas para que vos quero...
Vai daí, o caçador disparou. Disparou, mas não acertou. Foi a sorte da lebre. De moita em moita, rasteirinha, a lebre chegou, quase sem fôlego, à toca da família.
Pânico geral entre os parentes.
- Não posso acreditar - dizia a bisavó. - Aqui nunca houve caçadores.
- Nem o velho Hipólito os consentia, nos arredores da herdade - acrescentava a avó.
Assim em paz tinham vivido há gerações, mas o que não sabiam era que o dono da herdade já morrera. Também não sabiam que os filhos do senhor Hipólito, pouco dados à vida do campo, tinham vendido toda aquela imensidão de terra a um clube de caçadores.
- Ninguém nos avisou - protestaram as lebres.
Por sinal que tinham sido avisadas. Se as lebres soubessem ler, teriam lido no jornal da terra o anúncio da venda. Também um edital, pregado no tronco de um sobreiro, à entrada da herdade, noticiava a mudança de proprietário.
Finalmente, vários letreiros, onde estava escrito TERRENO DE CAÇA, espalhados um pouco por toda a parte, informavam que aquele território deixara de ser seguro para lebres e coelhos.
Foi a partir deste incidente que as lebres decidiram todas aprender a ler. E, já agora, mudar para um sítio mais sossegado.

sábado, 2 de outubro de 2010

AUTOR DO MÊS



Joaquim Teófilo Fernandes Braga nasceu em Ponta Delgada, a 24 de Fevereiro de 1843.Foi político, escritor e ensaísta. Estreia-se na literatura em 1859 com Folhas Verdes. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, apesar de ter saído de Ponta Delgada com a intenção de cursar Teologia. Da sua carreira literária contam-se obras de história literária, etnografia, poesia, ficção e filosofia. Depois de ter presidido ao Governo Provisório da República Portuguesa, a sua carreira política terminou após exercer fugazmente o cargo de Presidente da República, em substituição de Manuel de Arriaga, entre 29 de Maio e 4 de Agosto de 1915.
Iniciou muito cedo a sua actividade profissional, na tipografia do jornal A Ilha, de Ponta Delgada, no qual também colaborou como redactor.
Enquanto estudante em Coimbra, face a uma ajuda paterna insuficiente, trabalhou como tradutor e recorreu a explicações e à publicação de artigos e poemas para financiar os seus estudos. Fortemente influenciado pelas teses sociológicas e políticas do positivismo, cedo aderiu aos ideais republicanos. Aluno brilhante, quando em 1867 terminou o curso, foi convidado pela Faculdade de Direito a doutorar-se.
Fixou-se então em Lisboa, iniciando a sua actividade como advogado e, em 1868, casou com Maria do Carmo Xavier, de quem teve três filhos.
Em 1872, concorreu a lente da cadeira de Literaturas Modernas do Curso Superior de Letras, sendo provido no lugar.
No Curso Superior de Letras dedica-se ao estudo da literatura europeia, com destaque para os autores franceses, e iniciou uma carreira académica que o levou a publicar uma extensa obra filosófica fortemente influenciada pelo positivismo de Auguste Comte, decisiva no seu pensamento, na sua obra literária e na sua atitude política, fazendo dele um dos mais destacados membros da geração doutrinária do republicanismo português.
Em 1878 fundou e passou a dirigir com Júlio de Matos a revista O Positivismo. Nesse mesmo ano, iniciou a sua acção na política activa portuguesa concorrendo a deputado às Cortes da Monarquia Constitucional Portuguesa integrado nas listas dos republicanos federalistas. A partir desse ano, exerceu vários cargos de destaque nas estruturas do Partido Republicano Português.
Em 1880 passou a colaborar com a revista A Era Nova. A partir de 1884 passa a dirigir a Revista de Estudos Livres. Em 1890 foi pela primeira vez eleito membro do directório do Partido Republicano Português. Nessa condição, a 11 de Janeiro de 1891, foi um dos subscritores do Manifesto e Programa do PRP, em cuja elaboração colaborara. Este manifesto e a sua apresentação pública precederam em três semanas a Revolta de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, à qual Teófilo Braga, como aliás a maioria dos republicanos lisboetas, se opôs.
Em 1 de Janeiro de 1910 torna-se membro efectivo do directório político, e a 28 de Agosto de 1910 é eleito deputado republicano por Lisboa às Cortes monárquicas, não chegando contudo a tomar posse por entretanto ocorrer a implantação da República Portuguesa.
Por decreto publicado no Diário do Governo de 6 de Outubro do mesmo ano é nomeado presidente do Governo Provisório da República Portuguesa saído da Revolução de 5 de Outubr0 de 1910. Naquelas funções foi de facto chefe de Estado, já que o primeiro Presidente da República Portuguesa, Manuel de Arriaga, apenas foi eleito a 24 de Agosto de 1911.
Quando Manuel de Arriaga foi obrigado a resignar ao cargo de Presidente da República, na sequência da Revolta de 14 de Maio de 1915, Teófilo Braga foi eleito para o substituir pelo Congresso da República, a 29 de Maio de 1915,sendo um Presidente de transição, face à demissão de Manuel de Arriaga. Cumpriu o mandato até ao dia 5 de Outubro do mesmo ano, sendo então substituído por Bernardino Machado. Foi a sua última participação na vida política activa.
Já viúvo, aquando da sua eleição, após o mandato, Teófilo Braga, que desde que enviuvara passara a ser um misógino enfiado na sua biblioteca, isolou-se, dedicando-se quase em exclusivo à escrita. Faleceu só, no seu gabinete de trabalho, a 28 de Janeiro de 1924.

Principais obras literárias

Poesia
Visão dos Tempos (1864)
Tempestades Sonoras (1864)
Torrentes (1869)
Miragens Seculares (1884)

Ficção
Contos Fantásticos (1865)
Viriato (1904)

Ensaio
As Teocracias Literárias -­ Relance sobre o Estado Actual da Literatura Portuguesa (1865)
História da Poesia Moderna em Portugal (1869)
História da Literatura Portuguesa [Introdução] (1870)
História do Teatro Português (1870 - 1871)
Teoria da História da Literatura Portuguesa (1872)
Manual da História da Literatura Portuguesa (1875)
Bocage, sua Vida e Época (1877)
Parnaso Português Moderno (1877)
Traços gerais da Filosofia Positiva (1877)
História do Romantismo em Portugal (1880)
Sistema de Sociologia (1884)
Camões e o Sentimento Nacional (1891)
História da Universidade de Coimbra (1891 - 1902)
História da Literatura Portuguesa (1909 - 1918)

Antologias e recolhas
Antologias: Cancioneiro Popular (1867)
Contos Tradicionais do Povo Português (1883)
O cancioneiro portuguez da Vaticana

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

AUTOR DO MÊS

Manuel Teixeira Gomes nasceu em Vila Nova de Portimão, a 27 de Maio de 1860 e faleceu em Bougie (Argélia), a 18 de Outubro de 1941; foi o sétimo presidente da Primeira República Portuguesa de 6 de Outubro de 1923 a 11 de Dezembro de 1925.
Teixeira Gomes casou com Belmira das Neves, oriunda de famílias modestas de pescadores e tiveram duas filhas. Era filho de José Libânio Gomes e Maria da Glória Teixeira Gomes. O pai, além de proprietário abastado, dedicava-se ao comércio de frutos secos, sendo um homem muito viajado, instruído em França, onde assistiu à revolução de 1848, advogava princípios republicanos, chegando a ser cônsul da Bélgica no Algarve. Foi educado pelos pais, até entrar no Colégio de São Luís Gonzaga, em Portimão. Aos dez anos foi enviado para o Seminário Maior de Coimbra e posteriormente matriculou-se em Medicina, na Universidade de Coimbra, mas cedo desistiu do curso, contrariando a vontade do pai. Muda-se, então, para Lisboa, onde pertence ao círculo intelectual de Fialho de Almeida e João de Deus. Mais tarde, conhecerá outros vultos importantes da cultura literária da época, como Marcelino Mesquita, Gomes Leal e António Nobre.
Graças à sensibilidade do pai, que decide continuar a apoiar financeiramente a vida boémia do filho, Teixeira Gomes desenvolve uma forte tendência para as artes, nomeadamente a literatura, não deixando contudo de admirar a escultura e a pintura, tornando-se amigo de mestres como Columbano Bordalo Pinheiro ou Marques de Oliveira.
Fixou-se no Porto, onde conheceu Sampaio Bruno, tendo sido nesse período que começou a colaborar em revistas e jornais, entre eles O Primeiro de Janeiro e Folha Nova.
Depois de se reconciliar com a família, viaja pela Europa, norte de África e Próximo Oriente, em representação comercial para negociar os produtos agrícolas produzidos pelas propriedades do pai (frutos secos, nomeadamente, amêndoa e figo) o que alarga consideravelmente os seus horizontes culturais.
Republicano, exerce, após o 5 de Outubro de 1910, o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal em Inglaterra. Em 11 de Outubro de 1911, apresenta as suas credenciais ao rei Jorge V do Reino Unido, em Londres, cidade onde então se encontrava a família real portuguesa no exílio.
A 6 de Agosto de 1923 foi eleito Presidente da República, mas viria a demitir-se das suas funções a 11 de Dezembro de 1925, num contexto de grande perturbação política e social. A sua vontade em dedicar-se exclusivamente à obra literária, foi a sua justificação oficial para a renúncia.
A 17 de Dezembro, embarca no paquete holandês «Zeus» rumo a Oran, na Argélia, num auto-exílio voluntário, sempre em oposição ao regime de Salazar, nunca regressando em vida a Portugal.
Morre em 1941 e só em Outubro de 1950 os seus restos mortais voltaram a Portugal, numa cerimónia que veio a tornar-se provavelmente na mais controversa manifestação popular ocorrida na já então cidade de Portimão, nos tempos do Salazarismo, onde estiveram presentes as suas duas filhas, Ana Rosa Teixeira Gomes Calapez e Maria Manuela Teixeira Gomes Pearce de Azevedo.
Deixou uma considerável obra literária, integrada na corrente nefelibata e uranista.




"A política, longe de me oferecer encantos ou compensações, converteu-se para mim, talvez por exagerada sensibilidade minha, num sacrifício inglório. Dia a dia, vejo desfolhar, de uma imaginária jarra de cristal, as minhas ilusões políticas. Sinto uma necessidade, porventura fisiológica, de voltar às minhas preferências, às minhas cadeiras e aos meus livros."

Teixeira Gomes
In: Wikipédia

Principais obras literárias

Cartas sem Moral Nenhuma (1904)
Agosto Azul (1904)
Sabina Freire (1905)
Desenhos e Anedotas de João de Deus (1907)
Gente Singular (1909)
Cartas a Columbano (1932)
Novelas Eróticas (1935)
Regressos (1935)
Miscelânea (1937)
Maria Adelaide (1938)
Carnaval Literário (1938)



terça-feira, 1 de junho de 2010